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TP – Benfica – Sporting (3×3, 4×3 a.p)

Incerteza, muitos golos, entrega total de parte a parte e emoção. Assim foi mais um dérbi entre Benfica e Sporting. As águias levaram a melhor no prolongamento e percorreram mais um pedaço na "estrada" rumo ao Jamor.

Cardozo "incendiou" oInferno da Luz

Penelope Fitzgerald celebrizou nos seus ensaios e biografias a arte de bem receber os convidados por parte dos anfitriões e vice-versa no século XX. Se antes até eram os convidados que tinham o dever de divertir os anfitriões, por estes dias virou-se o "bico ao prego" e tudo é possível. Todos procuram divertir-se e, já que se fala de futebol, divertir os milhões de amantes espalhados pelo mundo da bola.

O estilo não está, pois, bem fixado por agora e envolve um sem número de opções possíveis. O que se quer com isto dizer, na verdade, é que numa visita a casa de um vizinho tudo pode (mesmo) acontecer, sendo que a versão mais contemporânea diz-nos que o importante é "não fazer cerimónia", já que há sempre um "mestre" para o fazer; tal e qual como se viu, esta noite, na Luz, no dérbi entre Benfica e Sporting.

O convidado, a equipa de Alvalade, chegou a casa do rival com a firme intenção de vencer e, desse modo, chegar à próxima ronda da Taça de Portugal. No entanto, o Benfica não queria ver a equipa verde e branca fazer a festa na suaCatedral e procurou, neste clássico e desde cedo, afrontar a turma de Leonardo Jardim.

Desde logo, o ambiente que se viveu no pré-dérbi era de clara confiança encarnada mas também verde e branca. As habituais picardias, os rotineiros cânticos de apoio e afronta de parte a parte.

Um dérbi com a carga emocional que cobre um Benfica x Sporting está no patamar da paixão, da rivalidade tornada escrita em campo, do sentimento que transcende os adeptos até à realidade palpável. O amor ao clube, por exemplo, sentimento que transborda em grande escala nas linhas destes duelos, é omnipresente desde os dias que antecedem a partida até ao apito final. Mas é vivido com maior intensidade enquanto a bola rola dentro das quatro linhas.

Quis o sorteio que benfiquistas e sportinguistas fossem obrigados a uma espécie de final antecipada logo nesta 4.ª eliminatória da Prova Rainha. Desde 1975/1976 que as duas equipas não se cruzavam numa fase tão "precoce" na Taça de Portugal. Na altura, os dois emblemas lisboetas defrontaram-se em Alvalade, no pós-25 de Abril, e os leões levaram a melhor no prolongamento, com um golo de Libânio.

Jesus lançou Cardozo, André Almeida e Sílvio; Jardim colocou André Martins e Maurício

Num jogo em que os testes foram para os dois lados e os riscos também, nas apostas iniciais Jorge Jesus optou por colocar em campo a mesma equipa que havia lançado na Grécia, a meio da semana, frente ao Olympiacos. A única exceção foi a saída de Maxi Pereira – que não foi convocado já que rumou aos trabalhos da sua seleção por imperativos da FIFA; o uruguaio vai participar nos jogos do playoff de apuramento para o Mundial 2014. Já Cardozo, que esteve em dúvida face a uma entorse no tornozelo esquerdo, acabou por recuperar e foi titular e assumiu o papel de "mestre" de cerimónias que lhe contava a si, caro leitor, em cima.

Leonardo Jardim, por seu lado, apostou no regresso de Maurício ao eixo defensivo e colocou também André Martins no meio-campo, por troca com Eric Dier e Vítor Silva.

No duelo oficial número 300 entre águias e leões (em todas as competições e somando a partida entre Benfica e Sporting para a Taça de Honra da Associação de Futebol de Lisboa, no começo desta época), o Benfica queria "vingar" a derrota de meio de semana, para a Liga dos Campeões, frente ao Olympiacos, enquanto que o Sporting lutava para se manter numa das provas onde tem aspirações reforçadas esta temporada, sobretudo por viver um ano sem ir à Europa.

A entrada em jogo foi mais incisiva por parte das águias que tiveram mais iniciativa ao longo dos primeiros minutos. O Sporting, por sua parte, pareceu cauteloso e sem arriscar muito. Ora, o ditado diz que «quem não arrisca não petisca». O mesmo se pode aplicar no caso contrário. O Benfica arriscou e chegou ao golo, aos 12 minutos. Óscar Cardozo, de livre, atirou rasteiro quando a barreira saltou e abriu o marcador na Luz.

Com o marcador já a funcionar, a verdade é que ambas as equipas mostraram garra e vontade, sempre tentado criar um belo espetáculo aos adeptos. No entanto, coube a Cardozo, quase sempre ele, nova ameaça a Rui Patrício. O paraguaio, dentro da área, disparou forte e colocado com o pé esquerdo, depois de uma jogada de insistência do Benfica; Rui Patrício defendeu para canto!

A primeira real ocasião de perigo do Sporting às redes de Artur Moraes surgiu aos 20 minutos, por Wilson Eduardo. O jogador do Sporting, na direita, atirou mas longe da baliza do guarda-redes encarnado.

O jogo tinha, por esta altura, muita pressão a meio-campo, sobretudo por parte das unidades encarnadas. Matic, Rúben Amorim e Enzo Pérez foram solidários entre si e não deixavam a equipa do Sporting fazer circulação de bola.

No entanto, os leões acabariam por empatar. Aos 37 minutos, Fredy Montero entendeu-se com Wilson Eduardo, com o jogador português a cruzar a bola para a esquerda, onde apareceu Diego Capel a rematar de primeira para o golo do empate!

Mas a festa em tons de verde e branco iria durar pouco. É que em campo estava Óscar Cardozo, esta noite, o "mestre" de cerimónias na receção do Benfica ao vizinho. Nico Gaitán, na esquerda, cruzou para a área onde apareceu de cabeça o paraguaio a fazer o 2×1, não dando hipóteses a Rui Patrício.

A equipa do Sporting perdia por duas bolas a uma e vivia um momento de desconcentração. Se os jogadores precisavam do intervalo para "refrescar" ideias, os do Benfica não perdoavam no momento de atirar à baliza de Rui Patrício. Aos 45 minutos, Jorge Jesus viu a sua equipa chegar ao terceiro e, pois claro, por Óscar Cardozo; William Carvalho perdeu a bola, Enzo Pérez e Gaitán fizeram uma sociedade para o hat-trick do Tacuara.

Benfica a controlar, Sporting a assumir o jogo

O segundo tempo arrancou sem a espetacularidade do primeiro tempo, mas com total comprometimento das equipas em campo. Com o Benfica a gerir a vantagem, era o Sporting que pegava no jogo e assumia as despesas da partida.

Porém, os jogadores do clube de Alvalade mostravam algumas dificuldades em chegar perto das redes de Artur Moraes. Seja como for, o Sporting reentrou na partida, aos 62 minutos, com um golo do brasileiro Maurício; o central ganhou no ar entre Luisão e Cardozo e reduziu para 3×2!
O golo da equipa de Leonardo Jardim animou os adeptos leoninos e deixou a Luz e "roer unhas" e em estado nervoso.

Em todo o caso, os adeptos que marcaram presença na Luz (47.156) davam por bem empregue o dinheiro do bilhete num jogo com muitos golos, momentos de bom futebol e muita entrega de parte a parte.

Nos últimos dez minutos do tempo regulamentar, os postes evitaram golos de ambas as equipas. Primeiro foi Markovic a atirar aos ferros da baliza de Rui Patrício. Depois foi Wilson Eduardo que atirou ao poste da baliza de Artur. Pelo meio, Cardozo obrigou Rui Patrício a defesa com as pernas para evitar o quarto dos encarnados.

Porém, qualquer "mestre" de cerimónias não chega, por si só, se não tiver quem o acompanhe. Dito e feito, esta noite, na Luz. A equipa de Jorge Jesus devolveu o fantasma dos descontos à nação benfiquista. Se no ano passado as águias perderam no Dragão, em Amesterdão e no Jamor na reta final, esta noite deixaram-se empatar já no tempo de compensação. O Sporting fez o 3×3 por Slimani, na sequência de uma bola parada e forçou o prolongamento na Luz.

O que foi aquilo, Rui Patrício?

No prolongamento Rui Patrício assumiu-se como figura principal. O internacional português, dono das redes da seleção, sofreu um daqueles golos que, por certo, vai correr mundo. Aos 97 minutos, a defesa do Sporting ficou completa passiva e permitiu que Luisão, que estava no chão deitado, tivesse tempo para cabecear a bola para o fundo das redes de um Rui Patrício… que foi batido de forma inacreditável.

Mas Patrício mostrou ser capaz do pior mas também do melhor. O internacional português manteve o Sporting na luta, aos 111 minutos, ao defender uma jogada que tinha tudo para dar em golo dos encarnados.
Até final, o Sporting ainda ficaria reduzido por expulsão de Marcos Rojo, por ter visto o segundo amarelo, e não conseguiu empatar e forçar os penáltis.
Dérbi terminado. O Benfica está na próxima fase. Nesta arte do futebol levou a melhor o anfitrião perante o convidado.

zerozero

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