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Tecnologia portuguesa já pode prever o sol e ganhar com isso.

Investigadores portugueses da REN e chineses da State Grid criaram uma tecnologia que permite prever o comportamento a intensidade solar para sete dias e, com isso, gerir a rede elétrica de forma mais eficaz.

A produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis é instável por natureza. ‘Intermitência’ é a palavra certa, e também a que mais preocupa os técnicos da REN – Redes Energéticas Nacionais, responsáveis pela estabilidade do sistema elétrico e pela segurança do abastecimento.

O vento não sopra sempre com a mesma intensidade e o sol brilha mais em certos dias que noutros. Basta que haja nuvens e tudo fica alterado. No caso da hidroeletricidade o cenário é mais estável, …desde que haja água armazenada nas albufeiras.

Se, para a chuva e para o vento, já há muito que é possível fazer previsões, o mesmo não se pode dizer quanto ao sol. Ou melhor, não se podia, até há pouco tempo, antever o comportamento da intensidade da luz solar mas, desde fevereiro, tudo mudou.

Prevenir a flutuação das renováveis na rede elétrica

Investigadores portugueses e chineses trabalham desde 2013, num centro de pesquisa, em Sacavém, numa solução que permite prever até sete dias o comportamento da luz solar e, com isso, gerir de forma mais eficaz a flutuação típica da entrada em rede do contributo dado pelos parques fotovoltaicos.

Uma ferramenta que, Nuno Souza e Silva, administrador delegado do centro de investigação R&D Nester, considera "única" e que, a prazo, pode mesmo ser exportada para outros países.

Para já, segundo o mesmo responsável, apenas a REN e o seu acionista chinês State Grid irão beneficiar da tecnologia que prevê o comportamento da luz solar. Aliás, o centro de investigação que gere, onde trabalham entre 15 a 20 pessoas, cinco das quais chinesas, foi criado na sequência da privatização da REN, em que a State Grid tomou 25% do capital da empresa portuguesa.

Souza e Silva explica que em Portugal a REN já monitoriza, com a nova ferramenta desenvolvida no centro de investigação de Sacavém, 110 megawatts de parques fotovoltaicos, ou seja, 30% da capacidade fotovoltaica instalada em território luso. Mas em breve a utilização daquela ferramenta estender-se-á a todos os parques fotovoltaicos em Portugal. E Espanha pode vir a seguir, pois, segundo o responsável pelo R&D Nester, "há ali muito mais parques fotovoltaicos que em Portugal e eles não dispõem da tecnologia que nós temos".

Previsão da luz solar para sete dias, afinada de 15 em 15 minutos

Para além da previsibilidade da luz solar a uma distância de sete dias, a tecnologia da REN permite afinar a estimativa de 15 em 15 minutos, com base no histórico de cada uma das centrais solares.

Grandes vantagens desta tecnologia desenvolvida em Sacavém: redução do risco de flutuabilidade da produção de energia renovável, neste caso a partir do sol; redução de custos para a própria REN, pois é possível ter reservas menores de energia na rede, do que as que tem de ter até agora, para responder às intermitências de entrada no sistema próprias das renováveis.

Consequentemente, sublinha Souza e Silva, "com isto vamos poder acomodar mais energias renováveis na rede no futuro". Um cenário que, com o aumento das interligações elétricas entre a Península Ibérica e o resto da Europa, poderá fazer ainda mais sentido pois é possível que alguns países do centro e norte venham produzir eletricidade limpa a Portugal para cumprirem com as metas a que estão obrigados pelos acordos europeus.

Ou seja, havendo mais produção renovável em Portugal, a REN, responsável pela gestão da rede elétrica, ganhará em eficiência com o aumento da previsibilidade da produção não apenas eólica, mas agora, também, fotovoltaica.

Fonte: Expresso

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