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Por que se deve criar moeda para financiar os investimentos verdes?

Num mundo onde o culto da austeridade e os orçamentos equilibrados dominam a agenda política, seria bastante fácil para o financiamento sustentável perder-se. Isso seria, porém, um desastre, não só num futuro a longo-prazo como também para a situação económica actual e para as finanças dos governos. Existe, no entanto, uma opção que atrai cada vez mais atenção e poderá resolver todas as problemáticas de uma só vez – o uso da flexibilização quantitativa para financiar os investimentos verdes.

O uso desta teoria monetária expansiva aplicada ao investimento verde é defendida e explicada, num artigo para o Guardian, por Richard Murphy, director do Tax Research UK, uma ONG britânica.

Segundo Murphy, uma flexibilização quantitativa verde assenta na lógica da flexibilização normal, sendo que os objectivos são diferentes. Num programa de flexibilização quantitativa verde seria criada nova moeda – literalmente do nada – e utilizada para comprar obrigações, que neste caso seriam obrigações emitidas por um banco de investimento verde estatal, autoridades locais, associações de habitação e organizações semelhantes.

As obrigações não teriam juros associados e como tal comportar-se-iam como capital social, sustentando assim o que convencionalmente se consideraria projectos de alto risco ou de baixo rendimento, como muitos projectos de sustentabilidade são na sua fase inicial. Como salienta Murphy, esta flexibilização teria ainda a vantagem de possibilitar que capital deste tipo permitisse aos credores assumirem os projectos caso o resultado não esteja a ser o melhor.

E para que deveriam ser utilizados estes fundos? De acordo com o director do Tax Research deveriam ser investidos na renovação eficiente de edifícios e transformá-los em estações energéticas solares, com a aplicação de painéis fotovoltaicos. Os fundos poderiam ainda servir para a construção de novas habitações energeticamente eficientes, que seriam alugadas para permitir o retorno do capital. O dinheiro seria ainda utilizado para financiar o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para a energia das marés e sistemas de transporte eficientes.

Nenhuma desta poupança energética e criação de emprego geraria nova dívida uma vez que o programa de flexibilização quantitativa verde seria pago com dinheiro impresso electronicamente. As organizações que receberiam os fundos injectariam este dinheiro na economia, criando infra-estruturas reais.

“Existe o medo de criar moeda que está a impedir os governos de abraçar a flexibilização quantitativa verde, mas esses mesmos políticos não tiveram dificuldade nenhuma em criar dinheiro para salvar os mercados de capital. Agora, é necessário que o façam novamente para transformar a economia, criar emprego, reduzir a dívida e construir infra-estruturas verdes, criando esperança para as gerações futuras”, indica Murphy.

Fonte: Greensavers.pt

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