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Construção ecológica: Caroços de espigas de milho em blocos de betão



Investigadores da Universidade de Vila Real estão a estudar a utilização de granulado de caroço de espiga de milho na produção de blocos de betão, uma técnica mais ecológica que aproveita um resíduo agrícola.


Jorge Tiago Pinto, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), disse hoje à agência Lusa que os investigadores da Escola de Ciências e Tecnologias estão a estudar aplicações para o caroço das espigas de milho ao nível da construção civil.


Depois da sua utilização em material de isolamento térmico e acústico ou betão leve, usado em camadas de regularização de pavimentos, prossegue-se agora para a produção de blocos de betão.

E os resultados, segundo o responsável, são "muito positivos". Atualmente, nos blocos leves de betão são usados materiais como esferovite, argila expandida ou grânulos de cortiça.

O caroço das espigas de milho é considerado um resíduo agrícola, que normalmente é queimado, sem ter qualquer aplicação.

Como vantagem desta técnica, Jorge Tiago Pinto destaca a sua "componente ecológica".

Trata-se, segundo acrescentou, de um material de construção "mais amigo do ambiente do que o bloco de betão tradicional".

Os investigadores salientam ainda como vantagens deste produto "o peso específico, a durabilidade, a estabilidade dimensional, a capacidade resistente à compressão e o comportamento ao nível do isolamento acústico a sons aéreos".

Nesta investigação foi desenvolvido um processo de granular o caroço sem "danificar a microestrutura", que confere ao produto, por exemplo, a capacidade de isolamento térmico e acústico.

Foi ainda reduzida a sua capacidade de absorção de água, que pode ser uma desvantagem neste tipo de material.

Depois, o processo de produção é idêntico ao fabrico dos típicos blocos de betão. Só que, neste caso, ao cimento, à areia e brita junta-se o granulado do caroço das espigas de milho, em vez do atualmente usado agregado leve.
Este estudo tem sido privilegiado pelas parcerias estabelecidas com empresas locais, o que permitiu que os blocos já possam ser fabricados em contexto industrial.

Paralelamente foi feito um estudo de viabilidade económica que, segundo Jorge Tiago Pinto, "também mostrou que esta solução alternativa pode ser competitiva".

O investigador acredita que a utilização deste resíduo agrícola poderia até incrementar esta cultura em Portugal ou até se poderia exportar esta técnica inovadora para países como os Estados Unidos da América (EUA), onde a produção de milho é "brutal".

Diário Digital com Lusa

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