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Ter um animal – A terapia de todos os dias

Os animais de estimação estão cada vez mais presentes nas terapias profissionais disponíveis aos humanos, seja hipoterapia, cinoterapia, etc. Mas, ter um animal de estimação, seja ele cão, gato, peixes no aquário, entre outros, influencia de forma significativa o bem-estar físico e psicológico dos donos, a cada dia.


A relação entre o homem e o animal é cada vez mais estudada e as conclusões mais recentes apontam todas num sentido: estabelecer laços fortes com um animal ajuda a melhorar a condição física e psíquica do dono.

Terapia diária

As primeiras descobertas neste sentido foram iniciadas nos anos 70 e aprofundadas nas décadas seguintes. Durante três anos, foram estudados mais de 5000 pessoas que participaram num rastreio de doenças cardiovasculares na Austrália. Os investigadores do Baker Medical Research Institute chegaram à conclusão de que as pessoas que possuíam animais de estimação tinham uma pressão sanguínea mais baixa, bem como os níveis inferiores de tiglicéridos e colesterol, do que os que aquelas não tinham animais em casa.

Outros estudos mais recentes indicam também a recuperação de acidentes cardiovasculares é mais rápida em pessoas que possuem um animal, que os animais ajudam a reduzir o stress, que as pessoas com animais sofrem menos de depressão, etc.

As principais razões por detrás destas conclusões são:

  • Os humanos têm uma grande necessidade de sentir e ser sentido, necessidade que é preenchida afagando o pêlo dos animais, ou simplesmente tocando neles e deixando-os tocar em nós;
  • Os animais de estimação provocam o riso nos donos, seja por se meterem em situações estranhas, porque têm expressões faciais engraçadas, ou porque têm hábitos divertidos. Juntamente com o afago do pêlo, isto permite aos donos relaxar e contribuindo para a boa disposição.
  • Os animais exigem que o dono seja um parceiro de brincadeira. Isto permite aos donos passarem um bom momento com eles, divertirem-se e ainda aumentarem o seu nível de actividade. No caso dos cães, os passeios ainda tornam o dono mai activo.
  • Os animais propiciam também um olhar mais positivo para a vida que se reflecte nas várias vertentes da vida do dono. Os idosos com animais de estimação vão menos vezes ao médico, sobretudo para o tratamento de pequenas queixas. O companheirismo que os animais de todos os tipos oferecem é um factor decisivo nesta faixa etária bastante afectada pela solidão. Os donos sentem-se não só acompanhados pelos seus animais, como também o utilizam para estabelecer relações sociais, sendo o passeio do cão, por exemplo, uma altura propícia para “meter conversa” com outros donos.
  • A incapacidade de fazer julgamentos morais permite ao dono buscar reconforto no seu animal nas piores horas. Para os donos, os animais estão sempre prontos para a brincadeira, independentemente de qualquer sentimento de culpa que o dono possa ter.
  • Observar os animais tráz calma à vida dos donos. Mesmo os peixes no aquário podem ajudar a reduzir o stress.
  • Ter a responsabilidade de cuidar de um animal, que em cativeiro é dependente do dono, torna os donos menos egoístas em relação às suas necessidades.


Fantasia diária

Depois de realizar um estudo nos Estados Unidos da América, Constanze Perin, concluiu que os humanos sentem-se reconfortados com a presença de animais de estimação, reconforto muito semelhante ao que é sentido enquanto pequenos com a presença da mãe.

A antropóloga verificou também que os donos de estimação tendem a fantasiar sobre o seu animal. Quando confrontados com alguma reclamação de um vizinho, defendem que o seu animal não era capaz de ter esse comportamento, por exemplo ladrar excessivamente quando o dono está fora, fazer necessidades no quintal do vizinho, etc. Para além disso, os donos acreditam que têm o seu animal perfeitamente controlado, nunca fugirá quando for chamado, nunca atacará outro animal ou pessoas, etc. Em suma, o dono chega a considerar que o cão não é capaz de ter alguns comportamentos tipicamente caninos, felinos, etc, apenas porque isso é visto como indesejado pelos humanos.

Bruce Folge, veterinário e escritor, vai ainda mais longe, dizendo que os donos acreditam que os cães tudo farão para os salvar de uma situação de perigo. Segundo ele, se o seu Retriever o vir a afogar, mais provavelmente saltará para brincar do que para o resgatar, mas apesar de saber disso, mantém a ilusão de que o seu cão estaria sempre pronto para o proteger.

Apesar de muitos preconceitos em relação aos animais não passarem de ilusões, a verdade é que os donos sentem-se amados, o que se reflecte numa atitude muito mais positiva perante a vida, trazendo assim benefícios físicos e psicológicos.

Entre afecto e fantasia, reconforto e ilusão, os animais parecem influenciar de forma significativa a vida dos donos. Cabe ao dono também influenciar de forma positiva a vida do seu animal. Só assim podem ambos beneficiar da companhia mútua.

arcadenoé

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